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Ao lermos o modelo teórico dos arquétipos decisórios de Weill e Ross percebemos que eles variam basicamente de estruturas
altamente centralizadas a muito descentralizadas. Contudo, verificamos também que o processo decisório
empresarial envolvendo TI não é algo estático, amarrado. Não é raro verificar
que as organizações se utilizam de modelos diferentes para cada tipo de decisão
a ser tomada, ou até mesmo uma combinação de tais estilos. Vejamos quais são
esses estilos, as vantagens e desvantagens de cada um deles:
1 - Monarquia de negócio:
Esse é um modelo decisório mais centralizado. Nele
verificamos que os altos gerentes são os que tomam as decisões – inclusive as
de TI – e que vão afetar o negócio como um todo. Contudo, como a área de
Tecnologia é extremamente técnica, é de se esperar a colaboração direta do CIO
e alguns de seus colaboradores diretos, bem como de outras áreas chave da
empresa, como a de orçamento, por exemplo, em vista de envolver, muitas vezes,
custos elevados.
1.1 - Vantagens: Nesse modelo, a
empresa é vista de uma forma mais holística, tendo em vista que os altos
executivos tendem a enxergar não somente a área de TI, mas as implicações na
adoção de uma determinada tecnologia para toda a empresa. Não existirão muitas
barreiras para sua implementação, pois ela vem de “cima para baixo”.
1.2 Desvantagens: Se não houver a colaboração do CIO e outras pessoas
técnicas, a decisão pode ser influenciada por aspectos meramente políticos ou
correm o risco de serem pouco embasadas tecnicamente. Outro aspecto relevante é
a baixa participação do nível operacional na adoção de estratégias que afetam
diretamente a base da pirâmide, levando a baixo comprometimento e podendo levar
ao insucesso da empreitada.
2 – Monarquia de TI:
Nesse modelo são os executivos de TI que tomam as decisões
atinentes à área de tecnologia. Como a área é extremamente técnica, os altos
executivos confiam ao CIO e seus colaboradores a condução do processo decisório
de TI, ou, pode tratar-se meramente de uma decisão interna que não chegará ao
nível dos altos executivos (ex: adoção de um determinado software ou
arquitetura de desenvolvimento). Nesse modelo, o CIO goza de um bom nível de
influência com os altos executivos e tem liberdade de tomar as decisões.
Geralmente elas estarão alinhadas ao planejamento estratégico empresarial, onde
o gestor de TI pode ter tido participação ativa na sua elaboração.
1.1 Vantagens: As decisões são tomadas de forma
mais rápida e são facilmente adotadas, por não haver muita possibilidade de
haver resistência por parte da alta cúpula de TI. Além disso, haverá pouca
interferência externa, o que dará à área de tecnologia liberdade na condução do
processo decisório.
1.2 Desvantagens: Se o CIO não se alinhar com o planejamento estratégico da
empresa, suas decisões poderão ser revisadas pelos altos executivos.
3 – Feudal:
Nesse modelo, bem descentralizado, cada unidade de negócio
toma sua própria decisão e de forma independente. É um modelo baseado nas
tradições da Inglaterra feudal, onde tínhamos a figura dos príncipes e
princesas ou cavaleiros escolhidos que tomavam suas decisões baseando-se em
suas necessidades locais.
3.1 Vantagens: Como o poder decisório está mais
próximo, as decisões tendem a ser mais facilmente aceitas e a endereçar às
necessidades de cada local, trazendo maior apoio e satisfação por parte da
equipe envolvida.
3.2 Desvantagens: Dificulta a tomada de decisão da
empresa como um todo, e pode gerar uma “colcha de retalhos”, onde cada unidade
local “remenda” seu pedaço e a peça final resultante tem pouca padronização.
4 – Federal
Combinação dos modelos feudal com monarquia de negócio,
podendo contar com o envolvimento do pessoal de TI. É um modelo tradicional na
área de governo, onde se tende a equilibrar responsabilidades e cobranças entre
múltiplos órgãos, como o país e os estados, por exemplo. Os representantes do modelo podem ser os
líderes regionais ou os detentores dos processos de negócios. Podem contar com
o pessoal de TI para auxiliar como participantes adicionais ao processo.
4.1 – Vantagens: Por ser um modelo onde há
participação de todos os envolvidos no processo, pode incluir os interesses do
centro do poder como também das unidades federadas, aumentando o nível de
satisfação de todos e melhorando os resultados obtidos.
4.2 – Desvantagens: É um modelo de difícil
implementação, tendo em vista a disparidade de interesses entre os líderes
empresariais dos líderes das unidades regionais. Além disso, as unidades
maiores podem ter seus interesses mais acolhidos, por conta de seu maior poder
de barganha, deixando as unidades menores insatisfeitas no processo decisório e
provocando uma ruptura entre os envolvidos. Para diminuir e resolver os
conflitos, é necessária a criação de um comitê executivo.
5 – Dupla Polaridade de TI
Uma espécie de duopólio entre o gestor de TI e o gestor de
outra área, é muito comum em decisões que envolvem arquitetura e
infraestrutura. Uma parte clara neste modelo é que a área de TI sempre é uma
das áreas envolvidas no arranjo bilateral.
5.1 – Vantagens: Como o processo decisório sempre
envolverá a área de TI como uma das partes no arranjo, as decisões tendem a ser
mais técnicas e mais embasadas, por conta da presença garantida do CIO e seus
colaboradores.
5.2 – Desvantagens: Como pode não envolver a alta
administração, as decisões no modelo de dupla polaridade de TI podem não
refletir tão bem os interesses institucionais, mas meramente os interesses dos
envolvidos no arranjo.
6 - Anarquia
Nesse modelo as decisões de TI são tomadas de forma
individual ou por pequenos grupos isolados e geralmente consideram somente suas
necessidades locais. É um modelo que dificilmente é sancionado pela alta
administração, e ocorre em processos mais próximos do nível operacional.
6.1 – Vantagens: Se é que podemos abordar uma
vantagem do modelo, falaremos da rapidez que as decisões são tomadas,
independentemente de estarem corretas ou não.
6.1 – Desvantagens: As desvantagens desse modelo são
muitas: ele depende muito da “intuição” do indivíduo ou do pequeno grupo
envolvido na decisão e ela pode estar totalmente desalinhada com os objetivos
da área de TI ou até mesmo institucionais. Também é um modelo oneroso de se
sustentar e preservar.
Referências:
- Artigo: Entendendo a Governança de TI - Novas Direções para a Administração Pública Fabio Perez Marzullo1; Carlos Henrique A. Moreira2; José Roberto Blaschek3 (1 Autor do artigo, 2 e 3 Co-autores do artigo)
- Artigo: Seminário de governança de TI da Unicamp
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