domingo, 17 de novembro de 2013

Os seis estilos ou arquétipos dos processos decisórios de TI

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Ao lermos o modelo teórico dos arquétipos decisórios de Weill e Ross percebemos que eles variam basicamente de estruturas altamente centralizadas a muito descentralizadas.  Contudo, verificamos também que o processo decisório empresarial envolvendo TI não é algo estático, amarrado. Não é raro verificar que as organizações se utilizam de modelos diferentes para cada tipo de decisão a ser tomada, ou até mesmo uma combinação de tais estilos. Vejamos quais são esses estilos, as vantagens e desvantagens de cada um deles:

1 - Monarquia de negócio:

Esse é um modelo decisório mais centralizado. Nele verificamos que os altos gerentes são os que tomam as decisões – inclusive as de TI – e que vão afetar o negócio como um todo. Contudo, como a área de Tecnologia é extremamente técnica, é de se esperar a colaboração direta do CIO e alguns de seus colaboradores diretos, bem como de outras áreas chave da empresa, como a de orçamento, por exemplo, em vista de envolver, muitas vezes, custos elevados.

1.1  - Vantagens:  Nesse modelo, a empresa é vista de uma forma mais holística, tendo em vista que os altos executivos tendem a enxergar não somente a área de TI, mas as implicações na adoção de uma determinada tecnologia para toda a empresa. Não existirão muitas barreiras para sua implementação, pois ela vem de “cima para baixo”.
1.2  Desvantagens: Se não houver a colaboração do CIO e outras pessoas técnicas, a decisão pode ser influenciada por aspectos meramente políticos ou correm o risco de serem pouco embasadas tecnicamente. Outro aspecto relevante é a baixa participação do nível operacional na adoção de estratégias que afetam diretamente a base da pirâmide, levando a baixo comprometimento e podendo levar ao insucesso da empreitada. 
2 – Monarquia de TI:

Nesse modelo são os executivos de TI que tomam as decisões atinentes à área de tecnologia. Como a área é extremamente técnica, os altos executivos confiam ao CIO e seus colaboradores a condução do processo decisório de TI, ou, pode tratar-se meramente de uma decisão interna que não chegará ao nível dos altos executivos (ex: adoção de um determinado software ou arquitetura de desenvolvimento). Nesse modelo, o CIO goza de um bom nível de influência com os altos executivos e tem liberdade de tomar as decisões. Geralmente elas estarão alinhadas ao planejamento estratégico empresarial, onde o gestor de TI pode ter tido participação ativa na sua elaboração.

1.1   Vantagens: As decisões são tomadas de forma mais rápida e são facilmente adotadas, por não haver muita possibilidade de haver resistência por parte da alta cúpula de TI. Além disso, haverá pouca interferência externa, o que dará à área de tecnologia liberdade na condução do processo decisório.
1.2  Desvantagens: Se o CIO não se alinhar com o planejamento estratégico da empresa, suas decisões poderão ser revisadas pelos altos executivos.
3 – Feudal:

Nesse modelo, bem descentralizado, cada unidade de negócio toma sua própria decisão e de forma independente. É um modelo baseado nas tradições da Inglaterra feudal, onde tínhamos a figura dos príncipes e princesas ou cavaleiros escolhidos que tomavam suas decisões baseando-se em suas necessidades locais.

3.1 Vantagens: Como o poder decisório está mais próximo, as decisões tendem a ser mais facilmente aceitas e a endereçar às necessidades de cada local, trazendo maior apoio e satisfação por parte da equipe envolvida.

3.2 Desvantagens: Dificulta a tomada de decisão da empresa como um todo, e pode gerar uma “colcha de retalhos”, onde cada unidade local “remenda” seu pedaço e a peça final resultante tem pouca padronização.

4 – Federal

Combinação dos modelos feudal com monarquia de negócio, podendo contar com o envolvimento do pessoal de TI. É um modelo tradicional na área de governo, onde se tende a equilibrar responsabilidades e cobranças entre múltiplos órgãos, como o país e os estados, por exemplo.  Os representantes do modelo podem ser os líderes regionais ou os detentores dos processos de negócios. Podem contar com o pessoal de TI para auxiliar como participantes adicionais ao processo.

4.1 – Vantagens: Por ser um modelo onde há participação de todos os envolvidos no processo, pode incluir os interesses do centro do poder como também das unidades federadas, aumentando o nível de satisfação de todos e melhorando os resultados obtidos.

4.2 – Desvantagens: É um modelo de difícil implementação, tendo em vista a disparidade de interesses entre os líderes empresariais dos líderes das unidades regionais. Além disso, as unidades maiores podem ter seus interesses mais acolhidos, por conta de seu maior poder de barganha, deixando as unidades menores insatisfeitas no processo decisório e provocando uma ruptura entre os envolvidos. Para diminuir e resolver os conflitos, é necessária a criação de um comitê executivo.

5 – Dupla Polaridade de TI

Uma espécie de duopólio entre o gestor de TI e o gestor de outra área, é muito comum em decisões que envolvem arquitetura e infraestrutura. Uma parte clara neste modelo é que a área de TI sempre é uma das áreas envolvidas no arranjo bilateral.

5.1 – Vantagens: Como o processo decisório sempre envolverá a área de TI como uma das partes no arranjo, as decisões tendem a ser mais técnicas e mais embasadas, por conta da presença garantida do CIO e seus colaboradores.

5.2 – Desvantagens: Como pode não envolver a alta administração, as decisões no modelo de dupla polaridade de TI podem não refletir tão bem os interesses institucionais, mas meramente os interesses dos envolvidos no arranjo.

6 - Anarquia

Nesse modelo as decisões de TI são tomadas de forma individual ou por pequenos grupos isolados e geralmente consideram somente suas necessidades locais. É um modelo que dificilmente é sancionado pela alta administração, e ocorre em processos mais próximos do nível operacional.

6.1 – Vantagens: Se é que podemos abordar uma vantagem do modelo, falaremos da rapidez que as decisões são tomadas, independentemente de estarem corretas ou não.

6.1 – Desvantagens: As desvantagens desse modelo são muitas: ele depende muito da “intuição” do indivíduo ou do pequeno grupo envolvido na decisão e ela pode estar totalmente desalinhada com os objetivos da área de TI ou até mesmo institucionais. Também é um modelo oneroso de se sustentar e preservar.

Referências:

  •  Artigo: Entendendo a Governança de TI - Novas Direções para a Administração Pública Fabio Perez Marzullo1; Carlos Henrique A. Moreira2; José Roberto Blaschek (1 Autor do artigo, 2 e 3 Co-autores do artigo)
  • Artigo: Seminário de governança de TI da Unicamp